domingo, 12 de outubro de 2008

Soul Trip...


Juntas de novo as quatro cordas que vibram o perfeito tom do que é viver, fazendo ecoar na mente de cada um a ansiedade de mais uma viagem que tarde se despoleta sobre o atento olhar do cansado sol que nas nossas costas prepara a chegada do seu lado negro.
Foram tantos os sítios....chegar, sentir e partir, guardando para o apaziguador mar de céu os momentos em que os espelhos da alma necessitam de se fechar...
Continuando rumo ao que nos une chegamos perante a música, esse ser que te beija, arrepia, contagia tudo em redor.... E é quando o teu corpo estremece ao som de mais um acorde, embalado ao sabor de todo o álcool e droga que te escorre pelo corpo, que olhas para o lado e até ti chega um sorriso em câmara lenta, em perfeito uníssono com a matéria de que és feito, trespassando-te o âmago, elevando-nos num esmagador abraço bem perto das estrelas, e é aqui que num momento único eu, tu, ele e o outro somos feitos do mesmo, gravando a fogo na memória esta orgia de sensações...
Mas como se não fosse suficiente este obsceno orgasmo continua, atingindo o seu clímax após as ondas sonoras cessarem, o pó assentar, as promiscuas mentes venderem a carne...
Aí estou eu...cambaleando ao sabor do vento através dos escombros de mais uma noite...Tombo este mero transporte da alma encarando sem medo o negro e cintilante tecto que sobre mim se abate... Aconchego o que resta do encéfalo na relva, sinto a garganta fervilhar ora da panóplia de álcool que ingeri, ora da erva que nos meus pulmões se esfumaça e por alguns momentos que palavra alguma pode descrever tudo o que sinto, tudo o que sou, me abandona e se esvai...bem alto....bem perto das estrelas que secretamente guardam os meus sonhos... E é esta conversa muda que me arquitecta...
Por ai diante, durante mais quatro noites se delineou esta "soul trip" culminando em mais uma viagem, desta feita a de retorno à realidade de um dia normal...Malas às costas, alma renovada, saudade já a bombear do coração.... partimos....
Mais uma vez os cavalos de Apollo percorrem o horizonte que já não separa céu nem mar, escoltando o turbilhão de memórias e sentimentos que fluidamente se espalham nesta folha...

1 comentário:

Gabriel disse...

Jamais as palavras poderão descrever aquilo que sentimos em silêncio...pensava eu...soul trip...encontro de palavras, encontro de emoçoes...encontro de silencios... corte com uma rotina que se torna por vezes sufocante...soul trip...viver a vida com akilo k mais nos alimenta...sede e fome de feeling
um eterno silêncio...