Devaneio

Apetecia-me ter um poder especial sei lá...poder voar, transformar objetos em ouro, mandar raios laser pelos olhos...qualquer coisa!!! É uma seca ser um ser humano normal (sim porque há ser humanos que se podem considerar tudo menos normais)...Tudo o que se faz é mau para a saúde, aquilo que te move é uma sexualidade instintiva que por muito que não notes está sempre implícita... Somos felizes a procurar a infelicidade,por exemplo: quando acabamos uma relação vamos a chorar pos braços daquela pessoa que pensemos ser o nosso amigo a quem podemos confiar tudo o que sentimos e com quem vamos apanhar uma bubadeira para esquecer o que se passou...resultado: entre um shot e outro...entre sorrisos e abraços e "vamos ser amigos para sempre", no momento em que passa aquela música que rodava nas discotecas quando ambos tinham 15 anos e começaram a sair, acontece o inevitavel...aqule beijo que já transbordava das bocas de cada um...Resultado: voltas para a mesma situação que estavas antes e agora além de ires voltar a sofrer ainda vais perder um amigo....E somos nós o topo da evolução??? só me apetece cometer um crime e escrever um grandessíssimo LOOOOOOOOOOOOOOOOL....
Com esta história toda acabei por me perder em reminiscências que não tinham nada haver com o que tinha pensado para postar aqui. Mas agora olha fica assim...Agora com lincença, tenho de ir procurar a infelicidade...

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Cá estou eu...assolado pela inevitabilidade de mais um cigarro, de mais uma adjectivação cheia de palavras que nada mais são que o reflexo das quentes cores das folhas que a minha arvore vai deixando cair neste outono infindavel. Sinto a minha alma a caducar...Sigo agora levado por uma brisa que teima em não seguir um rumo certo... Pairo sobre um mundo de olhares cegos, palavras sem voz, sons surdos....Que o meu doce outono nunca se torne no insípido, inerte, e infrutífero Inverno que assola as vossas fúteis mentes, os vossos frios gestos, os vossos desinteressados olhares, as vossas envenenadas palavras...

Bluberry nights...

Através da janela respira-se uma noite apaziguadora, companheira de conversas indiscretas,, gestos banais que levam a toques pouco inocentes, olhares faladores...Por entre mais um gole, por entre mais um beijo, por , por entre mais um bafo, por entre mais uma musica, o destino vai levando a noite...
A chuva perdia-se agora entre acordes que traziam a luz necessária a uma agradável escuridão...Consigo ouvir os teus contornos bem perto dos meus...Olhares faladores davam lugar a sorrisos culpados, presos por um beijo era já tarde demais para os nossos corpos...Percorreram-se...deixaram-se escorrer um pelo outro...Beberam-se dos lábios um do outro e deixaram as mãos cravarem o corpo de sensações...Entrelaçados sobre um manto de desejo fomos acontecendo....
Se foi o correcto...Se foi errado??? Não sei... Sei que somos aquele momento, aquele cigarro que a fogo iluminava o nosso ser a esfumar-se por entre a letra daquela canção...

Entre(tanto)

De retorno à consciência tento abrir estes olhos selados a ressaca...Vagarosamente a minha cabeça emerge dos lençóis e lança um enevoado olhar em redor...Pelo modo como a minha roupa estava disposta pelo chão percebi logo que a noite anterior não fora passada num agradável serão caseiro.
Tento então percorrer os meus amnésicos pensamentos na procura de imagens....
Trazida por uma tarde ventosa e de folia....,por entre dois cestos de cevada, surge uma vontade anormal de festejar só porque se está vivo... E assim fomos...Reunimos com mais vontade e seguimos para jantar....Jantar pesado... nada melhor que um whisky para uma fácil digestão...Como tínhamos comido mesmo muito (ou não) optamos pelo seguro e levamos uma garrafa inteira.... Ora este inusitado líquido trespassou-nos deixando a sua magia bem à vista nas nossas rubicundas faces....
Agora muito mais bem dispostos (isso não sei mas mais sorridentes estávamos) seguimos escadas acima ao som das guitarras que não procurámos mas estavam lá... O que encontrámos isso sim foi uma tasquinha com um ar tão acolhedor que não resistimos a entrar....Como seres preocupados com o bem estar dos outros que nós somos e para não sujarmos copos pedimos logo garrafas e estendemos o manto negro cá fora ao relento....Sentámos, falámos, fumámos, bebemos, sorrimos,abraçámos, gritámos, cantámos....Estávamos para ali a sentir e a fazer sentir uns nos outros que nunca mais acabava....Mas a música alertava-nos que tínhamos mais que sentir nessa noite....e assim fomos....O local era de estudo mas pelo aspecto da coisa muito pouco ou nada se ia aprender ali...pelo menos relativamente a química não!!! O sítio começou a encher com tanta vontade que tivemos que nos apertar um pouco...apertamo-nos forte uns contra os outros outros contra a cerveja...ora contra musica ora contra noite ora contra tudo.....Já não era só o meu corpo que mexia a minha mente encontrava-se também extremamente dançante nessa altura....Estava já completamente perdido na minha espiral destrutiva....sensações, álcool, cigarros, actos irreflectidos, sorrisos perdidos, céu negro, olhares , conversas cheias de tanto e de tão pouco.....
Depois de cambalear um pouco la fui passear o resto de mim pelo sofá da sala com um pensamento na cabeça..... " A que horas será hoje o jantar?" :-)

"Incapaz de assistir num só terreno,
Mais propenso ao furor do que à ternura;
Bebendo em níveas mãos por taça escura
De zelos infernais letal veneno:

Devoto incensador de mil deidades..."

Bocage

Soul Trip...

Juntas de novo as quatro cordas que vibram o perfeito tom do que é viver, fazendo ecoar na mente de cada um a ansiedade de mais uma viagem que tarde se despoleta sobre o atento olhar do cansado sol que nas nossas costas prepara a chegada do seu lado negro.
Foram tantos os sítios....chegar, sentir e partir, guardando para o apaziguador mar de céu os momentos em que os espelhos da alma necessitam de se fechar...
Continuando rumo ao que nos une chegamos perante a música, esse ser que te beija, arrepia, contagia tudo em redor.... E é quando o teu corpo estremece ao som de mais um acorde, embalado ao sabor de todo o álcool e droga que te escorre pelo corpo, que olhas para o lado e até ti chega um sorriso em câmara lenta, em perfeito uníssono com a matéria de que és feito, trespassando-te o âmago, elevando-nos num esmagador abraço bem perto das estrelas, e é aqui que num momento único eu, tu, ele e o outro somos feitos do mesmo, gravando a fogo na memória esta orgia de sensações...
Mas como se não fosse suficiente este obsceno orgasmo continua, atingindo o seu clímax após as ondas sonoras cessarem, o pó assentar, as promiscuas mentes venderem a carne...
Aí estou eu...cambaleando ao sabor do vento através dos escombros de mais uma noite...Tombo este mero transporte da alma encarando sem medo o negro e cintilante tecto que sobre mim se abate... Aconchego o que resta do encéfalo na relva, sinto a garganta fervilhar ora da panóplia de álcool que ingeri, ora da erva que nos meus pulmões se esfumaça e por alguns momentos que palavra alguma pode descrever tudo o que sinto, tudo o que sou, me abandona e se esvai...bem alto....bem perto das estrelas que secretamente guardam os meus sonhos... E é esta conversa muda que me arquitecta...
Por ai diante, durante mais quatro noites se delineou esta "soul trip" culminando em mais uma viagem, desta feita a de retorno à realidade de um dia normal...Malas às costas, alma renovada, saudade já a bombear do coração.... partimos....
Mais uma vez os cavalos de Apollo percorrem o horizonte que já não separa céu nem mar, escoltando o turbilhão de memórias e sentimentos que fluidamente se espalham nesta folha...

words in the wind...

Caminhávamos cidade acima, noite dentro...Caminhávamos de negro, acompanhados por um vento apressado, cortante, que projectava palavras com uma força que se fazia sentir....
Subimos o primeiro vão e sentamos...A descoberto deixamos apenas os olhos e a alma...Em volta apenas tijolo,cimento,calçada....luzes que afastam a escuridão e deixam a cidade como se de um céu estrelado se tratasse...Enquanto o vento fumava mais um cigarro deixamos palavras extravasarem-se a um velocidade e verdade, que sinapse alguma poderia acompanhar...Vinham bem mais de dentro, vinham puras, vinham sem hesitação, ora cortantes ora curadoras mas sempre verdadeiras... Senti-as a estremecer o meu corpo...mas muito mais o meu ser....
Comigo todo a sentir dou mais um gole e deixo o vento arrancar-me dos ossos e viajo flutuante por entre as árvores desta selva de cimento...Nas linhas que me delimitam embatem as palavras e fazem ricochete batendo novamente...e outra vez.....
De volta as minhas pernas voltamos a caminhar... na mesma direcção...apesar do ruidoso silêncio que se fazia ouvir nos nossos passos...tínhamos para nós mais um momento, mais uma prova de uma amizade dourada...

Time of our generation...

"Este blogue é dedicado a toda a juventude arrebatada pela sonoridade violenta e resgatada de uma sonolência mortal" MyMissingHeart

Preciso de me escrever no papel...preciso de escrever e riscar, preciso de encontrar a palavra certa para o que estou a sentir... preciso que a minha geração sinta, viva,lute, beije, ame, preciso que despertem do controle, da ignorância, da rotina, preciso que não se sintam simplesmente um ser que começa e acaba....Intervenham, destruam,e voltem a construir melhor....