
Caminhávamos cidade acima, noite dentro...Caminhávamos de negro, acompanhados por um vento apressado, cortante, que projectava palavras com uma força que se fazia sentir....
Subimos o primeiro vão e sentamos...A descoberto deixamos apenas os olhos e a alma...Em volta apenas tijolo,cimento,calçada....luzes que afastam a escuridão e deixam a cidade como se de um céu estrelado se tratasse...Enquanto o vento fumava mais um cigarro deixamos palavras extravasarem-se a um velocidade e verdade, que sinapse alguma poderia acompanhar...Vinham bem mais de dentro, vinham puras, vinham sem hesitação, ora cortantes ora curadoras mas sempre verdadeiras... Senti-as a estremecer o meu corpo...mas muito mais o meu ser....
Comigo todo a sentir dou mais um gole e deixo o vento arrancar-me dos ossos e viajo flutuante por entre as árvores desta selva de cimento...Nas linhas que me delimitam embatem as palavras e fazem ricochete batendo novamente...e outra vez.....
De volta as minhas pernas voltamos a caminhar... na mesma direcção...apesar do ruidoso silêncio que se fazia ouvir nos nossos passos...tínhamos para nós mais um momento, mais uma prova de uma amizade dourada...
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